Livros para ler durante essa quarentena

Sim, sei que a quarentena nos afeta, e que ficar em casa, sem o convívio social usual, pode ser bem complicado. Uma coisa que sempre me ajudou a distrair (principalmente como parte da minha “Higiene do Sono”), é a leitura. E eu leio bastante, desde que fui alfabetizado tive esse hábito. Então resolvi compartilhar uma lista de livros que eu gostei bastante de ler, e sugerir que vocês leiam eles, seja durante a quarentena, seja depois.
*Só um detalhe: essa lista não é ordenada, tanto o 1º quanto o último tem o mesmo peso.

  1. Os miseráveis

Talvez você já tenha assistido algum dos filmes que foram lançados contando a história desse filme (inclusive, um deles tem uma ótima música). Porém, o livro é um pouco mais antigo: foi escrito por Victor Hugo, e publicado em 1862. Segundo a descrição do livro na Saraiva, “ Esta obra é uma poderosa denúncia a todos os tipos de injustiça humana. Narra a emocionante história de Jean Valjean — o homem que, por ter roubado um pão, é condenado a dezenove anos de prisão. Os miseráveis é um livro inquietantemente religioso e político. ” E de fato é verdade, o livro aborda muito a questão das mazelas que afetam a população – como por exemplo a Fantine, que precisa deixar sua filha, Cossette, com um casal, por não ter condições de sustentá-la.

É um livro muito bom (e gigante, já aviso), que todos deveriam ler.

2. O Conde de Monte Cristo

Esse livro, escrito por Alexandre Dumas (que também escreveu os Três Mosqueteiros), também engloba essa era revolucionária, que compreende o período da Revolução Francesa e a Era Napoleônica. Assim, um parênteses – lendo Os Miseráveis e O Conde de Monte Cristo percebi que eu não sabia absolutamente nada sobre esse período. Várias foram as vezes que eu precisei recorrer à Wikipedia para entender os fatos apresentados, e a ordem dos fatos históricos (por exemplo, a ascensão de Napoleão, sua queda, a retomada efêmera do poder, etc).

Mas falando sobre o livro, ele conta a história de um jovem marinheiro, Edmont Dantès, que, após a morte do capitão, entrega uma carta a uma pessoa. Porém, ele não sabia que eram integrantes de um grupo que apoiava a volta de Napoleão ao poder, crime gravíssimo em uma França pós-Napoleão. Injustamente preso, ele fica amigo de um clérigo, que dizia ter uma fortuna escondida. Antes de morrer, o clérigo diz para Dantès onde o tesouro está enterrado. Conseguindo fugir da prisão, ele encontra o tal tesouro, e usa parte para reconhecer aqueles que o ajudaram (e a seu pai) antes da prisão, e vai atrás daqueles que foram responsáveis pela sua prisão.

O principal desse livro, para mim, é a mudança que o Dantès sofre na prisão. Antes da prisão, ele era um jovem feliz, que iria casar com uma bela moça, e logo seria capitão de um navio. Ao ser preso, ele vê as injustiças, e começa a ficar amargo, desacreditando em tudo que confiava antes. Um excelente livro, e uma leitura muito agradável.

3. Memórias Póstumas de Brás Cubas

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.”. Assim que começa esse livro, uma biografia póstuma de Brás Cubas, na qual o “defunto-autor” retrata sua própria vida. Como não poderia deixar de ser, o último capítulo (Das Negativas), faz um resumo de sua vida:
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.“.

Livro curto, muito divertido. É a obra do Machado de Assis que eu mais gosto. Outra recomendação dele é o conto O Alienista.

4. Admirável Mundo Novo

Esse livro foi escrito em 1931 (publicado no ano seguinte), e abordava um futuro distópico, no qual todas as pessoas cumprem um papel social, que é definido geneticamente e também por diferente alimentações – assim, há diferentes castas, isoladas, não havendo ascensão ou declínio social. A questão é que eles não se rebelam, pois são medicados para isso, para serem felizes naquela casta. É uma felicidade química, o que me sempre me fazia refletir: uma felicidade nesses moldes, é felicidade mesmo? Ou é uma ilusão? O livro me fez refletir bastante, e recomendo bastante a leitura. Quase 90 anos de sua publicação, e os temas abordados permanecem relevantes.

5. Getúlio 1882 – 1930 – Dos Anos de Formação À Conquista do Poder

Getúlio Dornelles Vargas é uma das figuras brasileiras mais importantes da história, para o bem ou para o mal (o juízo de valor fica à cargo do leitor). A criação da Petrobras, da CLT, de um Estado positivista… tudo isso ainda se reflete no Brasil de 2020. Então sempre bom entender quem foi Getúlio Vargas. E essa biografia (são três, na verdade, mas infelizmente só li o primeiro até agora) do Lira Neto é muito boa, trazendo diversos pormenores de sua formação política e, nesse primeiro livro, como foi articulada o golpe que o levou até o Palácio do Catete (lembrem-se, Brasília só foi construída bem depois, com o JK).

Esse livro, em especial, também é bastante útil para os gaúchos, para entender um pouco melhor quem foram as personalidades gaúchas que hoje dão nomes a diversas coisas – Pinheiro Machado, Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Osvaldo Aranha. Esse livro foca bastante no castilhismo que imperou no Rio Grande do Sul por muito tempo, e devo admitir, foi uma ótima aula de história.